O mundo do Ving Tsun iniciou novembro com a perda de uma personalidade: Grão-Mestre Gwok Fu, até então o mais antigo e mais velho discípulo do Patriarca Ip Man em Foshan. O Blog MYVT BH Savassi presta uma homenagem a este histórico artista marcial. Confira as máterias deste mês:
01/novGrão-Mestre Gwok Fu (1919-2011)
Em meio à triste guerra sino-japonesa, com a China em vasta destruição, surgia uma relação que foi elegida à eternidade: Ip Man e Gwok Fu, mestre e discípulo do Ving Tsun. Ambos naturais de Foshan. O primeiro, o mundo o conhece hoje como nunca. O segundo, apenas àqueles que sabem que um legado marcial se faz de muitos personagens.
Gwok Fu tornou-se discípulo do Patriarca Ip Man ainda na década de 30. Anos mais tarde, já um Si Fu, ele distanciou-se do seu mentor, não por vontade, mas pelo quadro social que os chineses viviam, que obrigou Ip Man a refugiar, como todos bem sabem.
Se não bastasse o afastamento do mestre, Gwok Fu ainda sofreu em sua cidade natal a opressão dos chamados "maoístas", que repudiavam, entre os anos 40 e 60, práticas tradicionais de Kung Fu. Seu amor ao Ving Tsun fez com que, mesmo proibido, a tradição marcial fosse transmitida, reservadamente em sua comunidade e, principalmente, para seu filho, Gwok Wai Jaam.
A China se abriu e pouco antes, o Ving Tsun havia se internacionalizado. Foi aí que o mundo tomou conhecimento do agora Grão-Mestre Gwok Fu e sua escola em Foshan. Foi considerado o mais antigo e também o mais velho discípulo de Ip Man, juntamente com o seu irmão Kung Fu, Lun Gai, também estabelecido em Foshan e ainda vivo, embora com longa idade.
No dia 27 de outubro último, a família Gwok anunciou o falecimento do grande discípulo de Ip Man, aos 92 anos, de causas naturais.
A cada visita à China, a família Moy Yat tomava contato com Gwok Fu. No idos de 90, o prório Moy Yat esteve em Foshan e promoveu este encontro de grão-mestres. Depois, em 2006, a esposa Moy, Sra. Helen, visitou Gwok Fu, acompanhada de grande número.
A última visita entre as famílias Moy e Gwok deu-se em novembro de 2009, quando o histórico Grão-Mestre e seu filho foram longamente entrevistados, em sua casa e mogun, parte do projeto A Bordo do Junco Vermelho (www.onboardtheredboat.com).
Veja também esta entrevista com Gwok Fu disponível na web:
http://www.youtube.com/watch?
15/nov
MYVT Núcleo BH Savassi completa 14 anos
Anderson Maia e seu Si Fu Leo Imamura, na celebração dos 20 anos. |
O Núcleo BH Savassi no Museu de Ip Man na China, visitado pelo membro Moy Wai Lim. |
16/nov
Mestre Leo Imamura é destaque no Jornal do Comércio
No intuito de divulgar e esclarecer sobre a inteligência estratégica chinesa, o consolidado JORNAL DO COMÉRCIO publicou a seguinte matéria, explorando o conhecimento do mestre Leo Imamura sobre o tema:
- DC Publicado em Quinta, 10 Novembro 2011 20:50
- Escrito por Fátima Lourenço
O pensamento estratégico chinês, cultivado em milhares de anos e ao longo de muitas guerras, também pode ser útil ao universo corporativo, mas não encontra, em língua Portuguesa, uma vasta literatura. O lançamento da edição brasileira de "As 36 Estratégias Secretas", do especialista japonês em cultura chinesa, Hiroshi Moriya, preenche um pouco dessa lacuna. A obra detalha, em seis blocos, com igual número de subitens, estratégias para a vitória na batalha; para enganar o inimigo; para o ataque; para situações ambíguas; para batalhas unificadas; e para uma batalha perdida.
"O chinês considera que o número seis é a base da mudança, ponto comum a todas as estratégias apresentadas", sintetiza o consultor de empresas que assina a apresentação do livro, Leo Imamura.
O consultor, mestre na arte marcial que leva o nome da sua criadora, Ving Tsun, e especialista em inteligência estratégica chinesa, comenta que o ocidental, com base no modelo de pensamento grego, idealiza algo e põe em ação a vontade para alcançar seu objetivo. A forma oriental de pensar, compara Imamura, se inspirou na lógica do desenvolvimento. "Você não tem um modelo da realidade. Ele se desenvolve à medida em que as coisas acontecem. O desafio é se antecipar".
Reflexões – É com essa abrangência, recomenda o especialista, que o livro deve ser absorvido por empresários. Ele não oferece um passo-a-passo, mas uma reflexão. Ter uma meta, de acordo com o raciocínio proposto, "seria limitar as oportunidades, porque no momento em que a empresa inicia a ação do plano, o mercado já começa a mudar. Por isso, mais importante que a persistência, é o monitoramento dos acontecimentos", conceitua Imamura.
As estratégias chinesas, na apresentação do livro de Hiroshi Moriya, transitam entre histórias milenares de guerras, mas também aparecem em exemplos recentes, para facilitar o entendimento do leitor.
No mundo globalizado, segundo a sua análise, o livro ajuda as pessoas a entenderem que há outras formas de ver a estratégia, sem que seja apenas sob a inspiração do modelo grego. O livro, no entanto, não é um contraponto a esse modelo, ressalva. Ele recomenda que os empresários absorvam a leitura como uma reflexão
Vantagem – "Nós, brasileiros, somos considerados muito indisciplinados. Mas isso é uma qualidade. As obras chinesas nos ajudam a entender as nossas idiossincrasias", afirma o consultor. Ele considera que muitos empresários locais já aplicam as estratégias chinesas, ao valorizar as possibilidades de variações no mundo dos negócios. "O brasileiro aprendeu muito com as instabilidades e terá maior facilidade para entender o livro.
Há muita literatura no mundo sobre as estratégias chinesas. O próprio Imamura deverá lançar, em 2012, um novo livro sobre o tema.
Leia um trecho do livro, relacionado com a pequena empresa: "...Se você puder dividir o inimigo e então atacar, será capaz de avançar na batalha com uma vantagem. Essa maneira de pensar também pode ser aplicada a táticas econômicas em pequenos negócios. A empresa menor, que tem "uma força militar menor", não sobreviverá se tentar encarar companhias grandes e bater de frente com elas em seu território. Para sobreviver, ela deve concentrar sua força marcial, planejar o desenvolvimento de seu próprio produto exclusivo e atacar quando houver uma abertura ou lacuna em um negócio que tenha um tamanho maior".
http://www.dcomercio.com.br/index.php/economia/sub-menu-negocios/76480-manual-chines-sobre-a-arte-da-vitoria
19/nov
Encontro do Nível Básico "Siu Nim Tau"
Como ocorre todo ano, o mestre sênior Leo Imamura visita Belo Horizonte, a convite do Mestre Anderson Maia, seu mais antigo discípulo no Brasil.
Nesta última viagem de 2011, o líder do Clã Moy Yat Sang veio a capital mineira para ministrar dois seminários, e também para desfrutar do convívio da Família Kung Fu nesta cidade.
O primeiro evento foi sobre o Siu Nim Tau, o primeiro domínio do Sistema Ving Tsun e seguramente o mais emblemático dos níveis, sendo a base de todo o Sistema.
Por seis horas, o mestre Leo Imamura liderou uma rica discussão entre os presentes, formado de discípulos de 1a. e 2a. geração do ministrante.
Moy Yat e Leo Imamura - Chi Sau anos 80 em NY |
20/nov
Encontro do Nível Superior Medial "Luk Dim Bun Gwan"
Com o mesmo formato do encontro do dia anterior, a visita do mestre Leo Imamura à Belo Horizonte culminou com o seminário do Luk Dim Bun Gwan, o tradicional bastão do Ving Tsun.
Com um grupo de participantes formado de membros mais antigos e graduados da MYVT de Minas Gerais, o encontro em mais esta edição contemplou os preciosos conteúdos que cercam o bastão longo chinês, outrora chamado de "conhecimento secreto" do Sistema Ving Tsun.
Sabe-se que o bastão do Ving Tsun teve sua origem no monastério Siu Lam (Shaolin) e era considerada uma "arma sagrada" do monge guerreiro.
Um século depois, o bastão ganhou presença no junco vermelho em Foshan e arredores, no sul da China. Ficou imortalizado nas mãos do quinto ancestral, o famoso Leung Yi Tai, bastoneiro do junco e reconhecido ator da então ópera cantonesa.
Leung Yi Tai interpretado em novela |
Já em 1950, com Ip Man em Hong Kong, o bastão era de acesso muito restrito, até por que o seu longo tamanho impedia a prática na densa paisagem urbana desta ilha.
Os presentes no encontro do Luk Dim Bun Gwan de 2011 puderam reviver, através da experiência marcial, esta antiga tradição que perdura há tantas gerações.